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Quem reside em Mato Grosso do Sul já sente um peso maior no bolso ao comprar passagem aérea. Nos últimos meses, o preço do bilhete teve um aumento de mais de 50%.
O preço médio, levando em consideração apenas o mês de março, é de R$ 679,44, o que indica um aumento de 52,4% em um ano. Já no ano anterior, o preço médio da tarifa foi de R$ 446,78.
A ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) apresentou um relatório com dados sobre as tarifas aéreas domésticas, onde ficou constatado que esse amento é o maior do mês de março dos últimos 13 anos para o setor.
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No ano de 2009, por exemplo, a passagem aérea chegou a ser vendida por R$ 1.084,51. Mas nos anos seguintes a esse ela teve queda, não indo além dos R$ 500,00.
Com base nos dados do relatório divulgado (Indicadores de Tarifas Aéreas Domésticas), se soube que o local com a menor média de preço para o bilhete aéreo foi o Distrito Federal, sendo que ali, nos últimos três meses, a média ficou em R$ 460,04.
Enquanto isso, a maior média registrada no país foi em Roraima, tendo o preço de R$ 976,24.
Já a o preço médio pago pelo passageiro por quilômetro voado (chamado de “yield tarifa aérea médio doméstico real”) ficou em R$ 0,457 em Mato Grosso do Sul. O menor valor apresentado foi no Ceara, tendo R$ 0,296. E o maior valor médio do yield foi em Minas Gerais.
O que explica o aumento nos preços das passagens aéreas?
A alta do dólar é um dos fatores que desencadeou esse aumento expressivo no preço da passagem aérea.
Mas outro fator que contribuiu para comprometer os planos de muitos também foi a alta do combustível. Ele detém cerca de 30% a 50% dos gastos das companhias aéreas.
De acordo com a Agência Nacional do Petróleo (ANP), o preço médio do litro de querosene de aviação teve aumento de 15,7% do mês de janeiro até março. E em abril ele ainda teve outro reajuste que foi de 18%.
Como o combustível da aviação é cobrado em dólares pela Petrobras, então quando há alta nele o preço acompanha essa tendência.
Somente esses dois fatores já explicariam o motivo dessa alta nos preços, contudo há mais um:
– A recuperação do mercado.
Devido a pandemia, as companhias aéreas tiveram que suspender seus serviços por meses. E isso gerou impactos negativos no orçamento delas.
Com a abertura das fronteiras e o fim do estado de emergência, as empresas de aviação retornam as atividades. Mas elas voltam com muitos prejuízos financeiros e querendo se recuperar, tendo que fazer reajustes nos preços dos serviços.
Além do que, a alta demanda ainda tem gerado problemas, com muitas empresas não conseguindo dar conta de tudo.
Todo esse cenário compromete a saúde financeira das companhias e o consumidor também sente isso no bolso quando vai comprar uma passagem aérea. Alguém precisa “pagar a conta” e, nesse caso, isso recai sobre o bolso dos viajantes.
De acordo com especialistas, se o real se valorizar, isso pode ajudar a amenizar a alta do combustível e ainda estimularia mais pessoas a fazerem viagens para fora do Brasil.
Despacho gratuito de bagagens ainda pode aumentar o preço da passagem
Outro fator que pode gerar aumento no preço das passagens aéreas é o retorno da gratuidade do despacho de bagagens.
Tanto para voos nacionais quanto para os internacionais, esse serviço voltou a ser oferecido, só que aqui o custo seria repassado para o passageio, sendo mesclado na tarifa, já que as companhias não querem ter perdas.
O retorno da gratuidade desse serviço veio devido a uma MP que, entre diversos pontos sobre a flexibilização das leis para o setor, estabelece a gratuidade para despacho de bagagens com até 23 quilos em voo nacionais e até 30 quilos para os internacionais.
Essa MP agora segue para a sanção do presidente.
Para especialistas, isso apenas servirá para aumentar ainda mais o preço das passagens.
Como diz a expressão “não existe almoço grátis”.
Como será um custo a mais que as empresas de aviação terão, então esse será, de algum modo, repassado para o cliente.
E até mesmo algumas companhias aéreas, como a Gol, já se pronunciaram sobre isso.
Paulo Kakinoff, CEO da GOL, relatou, já no dia posterior ao da aprovação do projeto da gratuidade do despacho de bagagens, que se isso acontecer, então os clientes poderiam perder o acesso a uma tarifa menor na hora de comprar a passagem aérea. Para o CEO, isso seria um retrocesso.
Muitas empresas não estavam prevendo esse custo, logo, é provável que ele será passado a adiante pelas companhias aéreas.
O aumento dos custos operacionais que essas empresas têm presenciado gerou muitos prejuízos para elas especialmente em 2021. E tudo isso ainda tem gerado queda inclusive no preço das ações de companhias como Gol, Azul e Latam.
Houve aumento de quase 70% no preço da passagem aérea em 1 ano
A ANAC fez um levantamento sobre o aumento no preço do bilhete aéreo e constatou que em um ano houve aumento de quase 70%. E não apenas a agência, como as próprias companhias áreas reconhecem que essa tendência não se irá logo.
E isso se deve ao fato de que o setor de aviação foi um dos que mais sofreram com as medidas impostas em decorrência da COVID-19.
O que teve uma parcela de responsabilidade pela alta nos preços foi o fato de que em 2020 os voos domésticos tiveram queda, mas em 2021 a queda sofrida foi ainda maior.
Eduardo Sanovicz, presidente da Abear, explicou que antes mesmos da guerra na Ucrânia o querosene de aviação havia subido 92%.
Sanovicz também ressalta que essa situação se configura na mais grave que o setor sofreu no que se refere a custos em ao menos cinquenta anos.
Infelizmente, todo o país tem sofrido com a alta dos preços não apenas na passagem aérea, mas em diversos serviços. O cenário, no entanto, tem sido de recuperação.